terça-feira, 5 de agosto de 2008

MANGUEIRA DE PACHO, O ADVOGADO DE AÇO.

Esse bendito universo da ficção e realidade é algo que a muito me aborrece. É certo que sou um aborrecido de carteirinha. Sou pior, às vezes, que seu Lunga. Seu Lunga é um sujeito, aquele que xinga a tudo e a todos lá nas bandas do Ceará. Xinga até os seus clientes. Fez sucesso e saiu no Fantástico. Dr.Mangueira de Pacho, o advogado de aço, ainda não ganhou a manchete por seus dotes, mas é questão de tempo. Por ora, fico eu, como sempre, de mentiroso. Normal, já me acostumei e confesso, até gosto.

Mangueira de Pacho é um advogado matuto e astuto que leva as pelegas a seu modo lá pelas bandas do Estado do Balargipe. Se alguém não conhece esse estado é problema não meu, mas da falta de conhecimento geográfico de vocês. Volte ao banco escolar!

Lá nesse Estado milita o nosso causídico. Em seu cartão de visita, bem do jeito dos cordelistas de lá ele cunhou: “Mangueira de Pacho – Advogado: Se você não tiver direito, eu acho”. É assim que Dr.Mangueira de Pacho com seu branco penacho, faz das leis um esculacho, da justiça seu capacho.

Diz-se por ilógico ser tudo obra da oposição, que isso é ficção! Penacho Branco, como os correligionários lhe chamam, não tem tanta capacidade assim. Ter capacidade pra mais de metro, eles admitem. Penacho Branco é danado, é tinhoso. Ele consegue quase tudo. Seu limite ainda é o quase, mas logo, logo tira essa palavrinha da sua frente. Logo Penacho Branco dirá: “EU CONSIGO TUDO. O MUNDO É MEU!!!”. Do jeito do gibi ou melhor: bem do jeito de Cordel que é o jeito de contar as aventuras do pessoal do Balargipe. Pedro Malazartes, Cancão de Fogo terá em breve uma incomoda companhia.
Aguarde, Penacho está chegando!

Contam-se algumas do Dr.Mangueira de Pacho.

- Um empresário lesado foi até o delegado dar queixa que um antigo empregado seu andava lhe roubando, dando umas tungas na grana, desviando materiais, falsificando umas notinhas fiscais. Coisa pouca, oras contava ele vantagens a seus amigos. Onde já se viu, o cara tinha muita grana e não queria ser roubado. Que onda esse patrão - sorria e fazia rir.
A queixa do patrão nas mãos da tungueira virou contra o próprio patrão. É ele hoje que responde a processo. O astuto Penacho conseguiu provar que foi o menino que mordeu o pobrezinho do Pitbull que pacificamente passeava pelo jardim. Até agora os pais se escabelam enquanto Penacho ri.
Penacho se orgulha das suas amizades. Penacho foi longe na política. Se não conseguiu grandes votos pois sua clientela era escassa, quem tinha bom direito não procurava logicamente Dr.Mangueira de Pacho. Queimava filme. Penacho tinha adversários e gente de olho nas causas de Penacho. Os votos de uma certa suplência lhe valeu um cargo de nada mais nada menos que SECRETARIO DE JUSTIÇA DO ESTADO DO BALARGIPE. Penacho exerceu o cargo com denodo. Foi ágil eficiente, principalmente em prestar pequenos favores a quem ele muito iria precisar quando descesse de tão respeitado cargo. Pechaco Branco tratou de transferir ou interferir para boas comarcas os amigos e amigas. As amigas mais ainda. Penacho é galanteador, vivaz, loquaz. Uma boa cantada de Penacho é coisa que ninguém melhor faz. Isso aí já é puro cordel, seu menestrel!!!
Penacho Branco pegou um cara endividado, todo enrolado, com titulo protestado, coitado.
Aí apareceu Dr.Mangueira de Pacho. Deixa comigo que direito eu acho. O juiz é meu amigo vou lá com ele e pego o despacho.
- Dito e feito. O protesto foi sustado, sem garantia, sem deposito, sem prova de pagamento. O direito lá em Alargipe é do jeito que Dr.Penacho quer. Lá esse negócio de regras básicas, de princípio elementar, essas coisas. Isso é coisa para causídicos. Eu sou Dr.Mangueira de Pacho, o advogado de Aço. Se não tiver direito eu acho.
O credor está respondendo processo por danos morais e ta falado. Bem feito! Quem mandou se meter com Penacho.
-Dos sertões de Balargipe seu Olegário Boaideiro traz um causo:
-Fazendeiro dono de boas cabeças de gado deixou aos cuidados do capataz. Cuidava ele de outras terras de mais valia. Aquela rendia, mas era pouco para os gatos do patrão. Todo mês o capataz e sua mulher lhe mandavam um quinhão. A mulher do capataz era amiga da mulher do fazendeiro desde a infância. O fazendeiro tinha achado aquela mulher numa favela. Como era bonita, falante e usava vestido logo de igreja o fazendeiro que tinha gado e achava que chifre era só pra gado, nunca desconfiou que sua mulher e a amiga fosse flor que se cheirasse . O capataz, marido da amiga era um conformado. Sabia das mutretas e outras tetas de sua dama. A loirinha ou gazinha como por lá se chama tinha uma boca levemente torta, quase imperceptível. Coisa pouca. Não quisesse ninguém notava. A boca pequena os maledicentes, só os maledicentes a alcunharam de P.da Boca torta. O “P” era pra não gerar processo de calunia. Dona P.da Boca Torta era amiga e outra coisinha mais de Dr.Penacho e o capataz sabiam. Como ficava a cargo de receber pelo gado e mandar a paga ao patrão. O Marido recebia seu quinhão e nada dizia. Perder a boquinha e perder a Boquinha Torta era pedi pra pegar no batente e isso jamais. Nunquinha!
O Fazendeiro depois de longo adormecer acabou por descobrir o desvio de gado a remessa para as outras contas até mesmo para contas dos amantes de Cabelinho de fogo. Cabelinho de Fogo era a alcunha da mulher do Fazendeiro, agora com o adereço emprestado de seu gado. Tudo provado e aprovado pela trupe. O Fazendeiro foi lá na fazenda com adereço e tudo e quebrou porteira, destruiu parte da sede pegou os documentos do escritório pra conferir. Vacina vencida foi coisa menor. Tinha relatório que boi pariu. Porque não?
Pobre sujeito. Não avisaram a ele que o Dr.Mangueira de Aço tinha a procuração da senhora P.da Boca Torta. Boca Torta não tinha dinheiro vivo mas conta com a proteção irrestrita de Cabelinho de Fogo. Cabelinho de fogo é fogo mesmo. Literalmente!! Com Cabelinho de Fogo não se brinca. É quinem os versos de Vandré. Por gado a gente marca/Tange Fere engorda e mata/Mas com gente é diferente. Menos pra Cabelinho de Fogo. Gente pra cabelinho é algo também indiferente.
Resumo da ópera ou do gado. O homem! Seu moço! Está impedido de voltar a sua fazenda. Penacho Branco conseguiu um negócio duma Lei chamada de Interdito Proibitório ou proibitório. Acho que é termina com Touro mesmo, já a que a questão é com Fazenda só pode ser isso mesmo INTERDITO PROIBE O TOURO.
É pra ela não entrar num sabe. Direito de entrar em sua própria terra só quando o Dr,Mangueira de Pacho, o advogado de aço só vale se ele não tiver na questão.
Tem gente chamando o pobre do Olegário Fazendeiro de cuiudeiro. Isso só pode ser
Olegário ficou com cara de otário e nem o resto contou mais. Quem iria acreditar, ainda mais dando o causo como de verdade. Ora isso é lá verdade seu moço. Num vê que é caso de Olegário, o otário.
-O caso.
O dito fazendeiro procurou justiça onde ele tinha a escritura. Era de outro estado dái então foi expedida uma tar de carta Precatória ou pegatória. Acho que pra gado é carta
pegatoria. De pegar gado é isso.
O fazendeiro mandou junto o seu filho jovem advogado que pensava que sabia das coisas junto com o oficial cumprir a ordem de buscar o gado.tinha ordem de arrombar a porteira em caso de P.da Boca Torta, orientada por Cabelinho de Fogo restirir em abrir a porteira de pegar o gado. Dito e feito. Boca Torta chamou a Policia, a de choque e botou o oficial pra correr. A estória é de doer seu moço, mas aconteceu. Ainda hoje se procura o oficial que dizem os outros letrados é o juiz andando. Se é o juiz andando então eu não minto: Botou o juiz pra correr.Coisa simples pra Dr.Penacho Branco. Ainda hoje se espera a ordem ser cumprida.Penacho não tem medo de nada. Talvez uma notinha no jornal. As coisas ainda devem preocupar Penacho. Essa imprensa!! Maldita imprensa. Morte a esses jornalistas comunistas!


Renato Farias

Um pouquinho de Renato Farias: http://www.motoronline.com.br/colunas/cron01.htm