domingo, 15 de fevereiro de 2009





As visões ainda são limitadas ao conhecimento dos que acham que lêem os corpos e os fatos meramentes concretos.
Eu danço quando o corpo está cheio e a alma vazia

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Poeta e o cemitério

"(...)

A amada sepultado
matou todas as flores
de sua poesia, erguendo
o seu trono de melancolia".


Davi Nunes

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Solos de saudades


21:49h, o fundo entrara nos meus sons! Sentia cada corda vibrando, em sua simplicidade e harmonia, como se quisesse tocar nos espaços vagos, todavia, surdos e ensurdecidos pelos gritos e falácias de outros corpos. Mesmo sabendo da surdez que me amparava naquele chão daquela noite cinzenta, Dilermando Reis continuava a tocar, estendendo o tempo e a distancia dos deixados espaços recentes. Pensei em desligá-lo, findar com aquela insistência ingrata dos que conseguem transmitir angustias, medos, amores, poesia através de palavras, sons. Mas o deixei continuar... Tentar tocar nos vazios que preenchiam minhas decisões e certezas eremitas.
22:33h, as cordas não conseguiam alcançar minha percepção. Somente o silêncio das vozes e corpos distantes de fora da minha casa e, o relógio de ponto pontuando cada segundo que se passava. Esse silêncio ambíguo aglutinou-se no estalido que despontara de minhas entranhas formando o que a minha percepção exterior já não conseguia escutar: era eu, em forma de sons produzidos por cordas do violão de Dilermando Reis.
22:45h, os espaços vagos produziam repetidamente um som antes imperceptível, antes inadaptável ao meu corpo. Fiquei desesperada ao notar que nem precisava escutar para sentir aquele som, pois ele se transformara em mim. Os espaços foram se dilatando, cantando, cantando, tocando na corda, falando, gritando, gemendo, sentindo cada vez mais alto, mais perto de mim; dentro de minhas decisões e certezas não mais eremitas. Não queria escutar, mas aquele solo de saudades saia e entrava harmonicamente nos espaços que se alargavam ininterruptamente...

sábado, 17 de janeiro de 2009


A busca pela igualdade é a forma mais desigual de tentar conviver. O uno é o resultado das diferenças e desequilíbrios construídos em cada parte, cada povoado, tribo, nação, estado; é a montagem de diferenças que se encaixam conflitantemente ou harmonicamente para formar um todo vivível para todos. Lutar pela igualdade é renunciar a minha diferença diante dos padrões estabelecidos e dos estereótipos firmados a partir de escalas de valores, ideologias unilaterais e cosmovisões privilegiadas pelo poder ter, ser e produzir. Não quero direitos iguais. Quero o justo para construir um uno melhor para todos!
A imagem é do São gonçalo do retiro, vista para BR 324.

E eu, passo derrubando tudo e tentando escandalizar o óbvio...
Escandalizar a mim!
É que eu amo...

Carla Dias

"A cultura é tudo que o homem inventou para tornar o mundo vivível e a morte afrontável"
Aimé Césaire
Quando eu tirei essa foto pensei no significado que o homem dá aos seus símbolos e a sua forma de prestigiar o belo. O elevador lacerda ao anoitecer não precisa de nenhum fotógrafo para transformar a imagem: é fato e concreto!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

365 dias...

Foi tanto querer em tão pouco tempo que não coube no tempo viver tudo que planejamos a tempo;
Foi tanto sentir em corpos pequenos perdidos dos sentidos sentido ao extremo;
São tantas as lacunas em tantos quereres deixadas por sentidos presos ao tempo passado, passando nos momentos em que não sobrou nenhum tempo;
São tantas as marcas marcando a história contada pelo tempo que desmarcado pelo querer ser, ter, poder...
Serão tempos novos envelhecidos na adega dos quereres e sentidos que inventamos para saborear a vida.
Pare!
Tempo!
Pare o tempo,
Olhe o vento...